sábado, 21 de março de 2009

PAGINA 06 - CIDADANIA

MESTRE ELÓI

Por Jorge Carvalho

Início dos anos 60, década de 70, 80 acompanho as programações do nosso rádio AM, como aficionado desse meio de comunicação Nº 1 da humanidade.
Morava então no Alto da Penha, onde passei minha infância. Depois, nas ruas Nelson Alencar (morando com meus avós) e José Marrocos, onde residiam meus pais. Uma voz me chamava à atenção e curiosidade, dentre outras. Elói Teles de Morais. Pela manhã, 07: 00hs: “Sertão como é que é”, a verdadeira e boa música nordestina: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Marines, Abdias, Zé Gonzaga.... 17:00hs: “Meu Sertão”, outro espaço dedicado ao homem da campo e à nossa sadia e boa música. 18:30hs: “O Rádio Esportes Araripe” em que o Elói mostrava sua outra grande qualidade: conhecedor profundo do futebol, quando em comentários diários analisava, em especial, o futebol cratense. Aos domingos, 19:00hs “Salve a Retreta”, relembrando com marchas e dobrados as antigas noites cratenses,quando a centenária banda de música municipal desfilava pelas ruas da cidade e alegrava crianças, jovens e adultos com belíssimas retretas em praças do município. Aos sábados era outro momento que o Mestre Elói dedicava ao homem simples, bom e trabalhador do campo com a folclórica “Festa da Casa Grande” o maior forró da sua vida. O destaque maior deixei para citar agora: Coisas do Meu Sertão”, cuja poesia matuta o verso brejeiro, o linguajar rural eram transmitidos aos nossos ouvidos pela inconfundível, inimitável, insubstituível criatividade do Mestre Elói.
A cidade, ainda hoje, sente a ausência do “Cantar dos Passarim”, do “Doutor Inté Outo Dia”, do “Bom Dia Amigos”... A mesma cidade acordava com a canção “Luar do Sertão” do poeta maior Catulo da paixão cearense. A mesma cidade que soube respeitar a figura honrada, pacata, tranqüila do advogado, radialista, folclorista, animador, mestre conhecedor profundo da cultura popular.
Aquele que não se dobrou aos políticos demagogos, aproveitadores, conservadores que pensavam em promover-se politicamente através da sua pessoa.
Aquele que defendeu e divulgou o homem do campo, fazendo pelo rádio um verdadeiro trabalho de conscientização política para os que plantam o arroz, o feijão, o milho saciando a fome do homem da cidade
Elo não se curvou aos detentores do poder, à podre elite cratense, aos conspiradores de 64, enfrentou-os e hoje figura na relação dos grandes filhos dessa cidade, ao lado de Cego Aderaldo, Zé Gato, Pedro Teles, Generoso, Chapeado 90, Abidoral... Elói, a minha gratidão pelo muito que fez por nosso Crato, pelo amor a ele dedicado, a ponto de negar-se a receber um título de cidadão Juazeirense.Foi E é, sem dúvida, um cratense da maior estirpe. ELÓI: 70 ANOS ( 1936-2006).






110 anos de vida de Seu Belo

No ensejo das comemorações alusivas aos 110 anos de existência do Sr, Liberalino Ferreira Leite, mas conhecido por Seu Belo, além das nossas congratulações, é oportuno fazermos um breve relato genealógico da sua família.
Filho do casal Inácio Ferreira Leite e Rita Liberalino , ambos oriundos do município de Farias Brito onde se casaram e em seguida vieram residir nos Brejos, nas proximidades da cidade do Crato, onde nasceram seus primeiros filhos, inclusive, Belo. Depois o casal se muda para o sítio Enxu, do mesmo município e, em seguida, passam a residir no vizinho sítio Lagoa Rasa, hoje pertencente ao distrito de Ponta da Serra.
Inácio e Rita tiveram os seguintes filhos: Liberalino (Belo), Joaquim (Quinco), Valdemiro, Virgílio, Antonio, José, Livardo, Irinéia, Genir e Beleza, todos “Ferreira Leite”
Seu Belo nasceu no Brejo, arredores da Cidade do Crato, em 10 de fevereiro de 1899, de onde sai ainda criança para viver sua adolescência entre os sítios Enxu e Lagoa Rasa. Casa-se com uma jovem da mesma comunidade de nome Ester, filha de Antonio José Leite, conhecido por Antonio Mateus, primo do seu pai. Após o casamento, adquire uma pequena propriedade nas proximidades da povoação Ponta da Serra, sítio esse pertencente aos herdeiros do major Eufrásio Alves de Brito. O casal muda-se para uma casa velha, conhecida por todos da comunidade como sendo a casa da botija ( esta é uma história que fica para outra oportunidade), onde nasceram os primeiros filhos: dois falecidos recém-nascidos e Edmilson( Milson) em 1930. Além de Milson o casal teve ainda Valdir ( já Falecido), Antonio, Jaime (Neguim), Cleonice e Creuza, todos “Souza Leite”
Por ser uma casa muito antiga e “malassombrada”, o casal resolve se mudar para outra casa também nos arredores da povoação, ao lado da “Casa da Escola ou casa da Prefeitura”, onde também residiu por muitos anos o seu irmão por parte de pai, João Duarte. Depois, o casal passa a morar noutra casa localizada na “Entrada da Malhada”, onde falece o seu pai. Desta última, Seu Belo passa a residir na Cidade do Crato, onde veio a falecer a D. Ester, aos 95 anos de vida, deixando Seu Belo viúvo.
O nosso informativo, Jornal Ponta da Serra, em sua edição de nº 09, de abril e maio de 2005, fez uma pequena homenagem nos 106 anos de seu Belo como uma matéria intitulada “Seu Belo, o Homem de Três Séculos”. Nesta, a própria comunidade se expressou taxando-o de um “homem bom”, justificando, assim, a sua longa existência.
A família comemorou o evento com uma solene missa celebrada pelo PE. Rocildo Alves em sua residência, em Crato. Que Deus o conserve com uma boa saúde condizente com a sua elevada idade.
Vejam algumas imagens do evento



A ECOLOGIA NA MINHA JUVENTUDE
Por Edval Cirilo


Pretendo, neste momento, falar um pouco do que era a Ecologia no meu tempo de jovem ( década de 50), quando morávamos no sítio Lagoa Rasa.
Nessa época, a Floresta cobria 90% do território e o inverno era mais chuvoso. As enchentes do “riacho do Inferno” inundavam a Lagoa Rasa. Milhares de sapos faziam uma belíssima sinfonia com permanência que duravam 15 dias. Ao despertar, era uma grande orquestra de pássaros que tinha como maestro um passarinho chamado Xexéu. Era grande a diversidade de pássaros que habitavam nesta nossa região.
A fartura de mel silvestre era grande. Havia entre várias abelhas, as mais produtivas, o Canudo, a Manda-saia, a Cupira, a Moça-branca, etc.
A agricultura era toda artesanal. As pessoas dependiam da agricultura, pois, não havia outra alternativa. A colheita era toda manual. Apanhava-se o arroz cacho por cacho, formando uma moqueca entre os dedos. Na colheita era formado um adjunto que era a troca de dia de serviço. Era uma festa; matava-se porco e galinha; não podia faltar o queijo. O almoço era servido na roça, na palha de arroz. O legume era colocado num grande terreiro, no baixio, onde várias pessoas também colocavam, e era empilhado em forma de pote.
Nessa época, havia muita solidariedade entre as pessoas; “a gente era feliz e não sabia”, Portanto, foi muito bom enquanto durou.


Edval Cirilo , Ponta da Serra, 05.02.09

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