Cumpade: o que aconteceu?
Você nas bandas de cá;
Pois é cumpade eu vim aqui
Só pra gente palestá
Eu vim vê comé qui tá
A cumade e você
Tá com uns monte de dia
Qui a gente não se vê
Como é que vai a Cirlê?
Que é minha afiada;
Já tá aprendendo a lê
Tá sabida e danada
Ela vai com as moçada
Todo dia pra escola
Depois de inaugurada; cumpade
Foi prá gente uma miora
Cumpade; e aurora
A irmã de vós me sê
Casou; já tem um fio
Já tem outro pra nascê
Para a muié foi dizê
Faça logo o café
Bote água prá fervê
Pra mim e cumpade Zé
E depois que tu fizé
Bote mais água no arroz
Quando o feijão cunzinhá
Você faz baião de dois
Ela pegou o arroz
Depois pegou o feijão
Pegou caldo e farinha
Fez pra eles um pirão
Levou essa refeição
Colocou então na mesa
O cumpade foi dizendo
O pirão tá uma beleza
Sua cumade Tereza
Foi então lhe respondê
Cumpade esse pirão
Custumo sempre fazê
Começou escurecê
Ao cumpade ele falou
Já tá querendo chuvê
Té outro dia; eu já vou
Seu cumpade disse: não síô
Já começou a chuvê
Tereza vai ajeitá
Uma dormida pra você
Ficou ela sem sabê
A durmida ajeitá
Pois só tem a nossa cama
Como é qui vou me virá?
Ao marido foi falá
Pois estava com receio
Eu durmo aqui na ponta
E você dorme no meio
Ele disse: qui receio
No mei quem dorme é você
Somente por uma noite
Nada vai acontecê
Ao marido foi dizê
Quando o dia clariou
Tu dormiu; não pôde vê
Teu cumpade me errabou
Pra sua muié falou
Desconfiei do teu receio
E tu ainda queria
Qui eu fosse durmir no meio
( Geraldo Filho – Talzim – Ponta da Serra, 03 .11.2003 – Tel.: 3523.9208)
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